segunda-feira, 31 de maio de 2010

Movimento cultural quer garantir política de Estado

Pontos de Cultura se articulam para assegurar continuidade do Programa Cultura Viva após mudança de governo


O articulador social Paulo Barbosa viajou com o ponto de cultura tradicional africana Rede Mocambos da região Sul do país até o Nordeste para mostrar seus costumes, músicas, cores e tradições. Assim como ele, 2500 pontos de cultura se reuniram no Teia Brasil 2010: Tambores Digitais. O encontro ocorreu no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza, de 25 a 31 de março. Com apresentações artísticas e muitos debates, os agentes culturais defenderam a consolidação do Programa Cultura Viva como política de Estado.

O Programa Cultura Viva é uma iniciativa do Ministério da Cultura (MinC) para promover as ações culturais existentes nas comunidades brasileiras. Os projetos artísticos e culturais selecionados, através de editais, recebem subsídios no valor de R$ 185 mil para impulsionar as ações da comunidade, como bibliotecas comunitárias, grupos de dança, teatro e diversas outras ações. Assim surgem os pontos de cultura.

Para o Ministro da Cultura, Juca Ferreira, o programa é parte integrante de um todo maior. “Precisamos regulamentar toda a relação e a disponibilização da verba pública para que toda a área cultural do país, sem discriminação territorial ou social, receba os recursos”, afirma ele.

Célio Turino, secretário da Cidadania Cultural do MinC e idealizador do projeto, explica que antes o ministério não estava preparado para integrar esses pontos, pois as produções ficavam centralizadas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. “O Cultura Viva traz uma articulação e uma proposta de política nacional de cultura que amplia as expressões”, completa Turino.

Em rede

Além de estimular a preservação e construção das culturas populares, o Cultura Viva, por meio da ação Cultura Digital, busca integrar em rede as iniciativas artísticas regionais. Para isso, ao ser selecionado, cada ponto de cultura deve investir parte do valor recebido na aquisição de tecnologias e montagem de um centro multimídia.

É assim que Paulo Barbosa pretende dialogar com grupos de cultura quilombola e levar, através da internet, as tradições e costumes desse povo. Uma das apostas é a produção de um blog para garantir o compartilhamento em rede.

Essa conexão, na opinião de Geo Britto, Coordenador de Projeto do Teatro do Oprimido e Coordenador do Fórum Nacional de Pontos de Cultura, é o principal avanço do programa pontos de cultura. “Sabíamos que existiam grupos, mas não havia diálogo entre eles”.

Integração Cultural

A aproximação da diversidade cultural espalhada pelo país também se dá nos Grupos de Trabalho, discussões que ocorrem na Teia Brasil, e os Fóruns Regionais e Estaduais. Entretanto, é no Fórum Nacional, em um processo de avaliação conjunta entre integrantes de pontos de cultura, que propostas políticas são elaboradas para fortalecer o setor.

Dentro da Teia Brasil 2010, ocorreu o III Fórum Nacional dos Pontos de Cultura. Nonato Chacon, do Ponto de Cultura Teatral “A Bruxa ta Solta”, destaca do encontro a discussão sobre a criação de uma agenda política para o Programa Cultura Viva. A preocupação é criar estratégias para a continuidade do programa após a mudança de governo.

“Estamos querendo fazer uma mobilização nacional, pegando assinaturas dos Pontos de Cultura”, explica Chacon. No Fórum não houve tempo para elaboração da proposta, mas o debate continuará através de um Fórum Virtual e a documento de reivindicação deverá sair em uma semana.

Para o coordenador do Fórum, Geo Britto, o exercício praticado nos Fóruns, é parte de uma gestão compartilhada. Com uma analogia às manifestações estudantis e sindicais, o coordenador vê, na união dos pontos de cultura, a emergência de um novo movimento, o movimento cultural.

Construção Colaborativa

A pluralidade da Teia Brasil 2010 não estava apenas nos rostos, mostras artísticas e nos artesanatos vendidos na Feira Solidária. A cobertura jornalística do evento apostou no modelo colaborativo e na integração de várias mídias; rádio, blog e vídeos.

E foi com uma câmera na mão que a jovem Nathalia Alves, estudante de jornalismo do município de Santos, na cidade de São Paulo, garantiu imagens do evento. Natália, assim como toda a equipe de comunicação colaborativa, participou de um processo seletivo que escolheu pessoas de todos os lugares do país. O conteúdo era construído em conjunto, sem uma fórmula ou linha editorial definida.

Da cobertura colaborativa, Nathalia leva a experiência. Ela explica que todo o processo de construção dos conteúdos é um experimento, pois não há uma pauta pronta e fechada, mas o grupo vai experimentando e criando a cada momento. A estudante acredita que o modelo colaborativo e a comunicação digital são passos importantes para iniciar um novo momento na história da comunicação, com a informação descentralizada. O conteúdo da equipe está no Blog Cultura Digital – Teia 2010.

Teia Brasil

A Teia Brasil é um evento anual. Esta foi a 4º Edição e ocorreu no Centro de Cultura Dragão do Mar, em Fortaleza – CE. “Pela primeira vez o espaço foi utilizado em sua plenitude, que é a diversidade cultural”, comemorou a presidente do Dragão do Mar. As edições anteriores ocorreram em São Paulo; 2006, Belo Horizonte; 2007, e Brasília; 2008.

Além da Teia Brasil, os pontos de cultura podem se reunir em Teias Regionais e Estaduais.

Fonte: Brasilianas

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