quinta-feira, 21 de outubro de 2010

PF desmente que ligue quebra de sigilos à assessoria de Dilma e não comprova uso dos dados em campanha

Ao fim de quatro meses de investigação, a Polícia Federal “ouviu 37 pessoas em mais de 50 depoimentos”, indiciou sete por vários crimes, identificou o envolvimento de servidores da Receita Federal, de despachantes e de um jornalista na violação de dados fiscais sigilosos “entre setembro e outubro de 2009”, mas “não foi comprovada” a utilização, “em campanha política”, dos dados violados.


É esse, em resumo, o conteúdo da nota com que a Polícia Federal desmentiu ontem a série de acusações que o jornal Folha de São Paulo publicou, a partir de junho, com o objetivo de culpar a campanha da petista Dilma Rousseff pela quebra do sigilo fiscal de Eduardo Jorge Caldas Pereira, vice-presidente do PSDB, e de outros correligionários e familiares do presidenciável José Serra. Em sua mais recente investida, na edição de ontem, o jornal atribuiu à Polícia Federal a constatação de uma ligação entre a quebra de sigilos e a assessoria de Dilma. “PF liga quebra de sigilo fiscal de tucano à pré-campanha de Dilma”, voltou a mentir a Folha.

A instituição repudiou a mentira:

“A Polícia Federal refuta qualquer tentativa de utilização de seu trabalho para fins eleitoreiros com distorção de fatos ou atribuindo a esta instituição conclusões que não correspondam aos dados da investigação”, acentua a nota da PF.

“Não queremos que a entidade seja jogada na utilização política de um lado ou de outro. Não quero que a instituição seja usada indevidamente no processo eleitoral. Queremos afirmar que a PF fez um trabalho investigando fatos. E o que tem conotação política partidária não pauta a atuação da Polícia Federal”, reforçou o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, em entrevista coletiva.

BRIGA TUCANA

O que assanhou a Folha a publicar sua mais recente inverdade, até ontem, foi a conclusão, da Polícia Federal, de que uma das pessoas que encomendaram dados sigilosos é o jornalista Amaury Ribeiro Junior, que o jornal vincula a um suposto “grupo de inteligência” da pré-campanha de Dilma. Esse grupo teria sido formado para produzir dossiês – que jamais apareceram.

Diferentemente da ilação preferida pela Folha, o inquérito policial afirma que o repórter levantou as informações sobre tucanos quando trabalhava para o jornal Estado de Minas. O próprio Amaury, em depoimento à PF, disse que fora escalado pelo jornal para investigar um suposto esquema de espionagem que aliados do então governador de São Paulo, José Serra, haviam montado contra o então governador mineiro, Aécio Neves, quando os dois disputavam a indicação do PSDB para concorrer à sucessão presidencial.

Ainda no depoimento, Amaury disse que entregou um relatório do caso ao Estado de Minas, em outubro passado, e deixou o jornal. As informações que o jornalista reunira não foram publicadas.

A PF sustenta que Amaury pagou R$ 12 mil ao despachante Dirceu Rodrigues Garcia que, a partir de uma rede de auxiliares, obteve os dados de Eduardo Jorge Caldas Pereira na Receita Federal. Em nota, o advogado de Amaury disse que o jornalista jamais pagaria por dados fiscais de qualquer cidadão. Ainda segundo o advogado, Amaury contesta as acusações e está à disposição da polícia e da Justiça.

Também em nota, o ex-governador Aécio Neves repudiou a vinculação do nome dele às investigações do jornalista. E o Estado de Minas afirmou que as notícias de envolvimento do jornal no caso da violação de sigilos fiscais decorrem dos “debates acalorados” às vésperas da eleição.

Fonte: Brasilia Confidencial

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